Dias assim

Não ando no auge de mim. Há dias em que acordo sem ter conseguido dormir, outros há em que me sinto desprovida de toda e qualquer vontade própria. Arrasto-me pela rua e suspiro pelos cantos. Uma unha do pé apodreceu e caiu, como caem as folhas do Outono, a pele dos joelhos escureceu, a dos cotovelos esfola e descama como se fosse um animal em mudança de pele. O humor esse, coitado, vai e vem, irritando e confundindo quem está à minha volta. São de realçar os dias em que acho que tudo está mal, mas em que não mudo nada, seguidos dos dias de culpabilização por ser incapaz de me sentir grata pela boa vida que tenho. De tanto carregarem o peso do mundo doem-me os ombros em geral e o braço direito em particular, com uma dor que irradia até aos dedos e persiste e persiste e persiste.  Vou a médicos, analisam-me o sangue, ecografam-me o corpo. A tendinite já ninguém me tira, fruto de uma década a clicar no botão direito do rato (será desta que vou accionar o inútil do seguro de acidentes de trabalho??), mas para tudo o resto parece não haver explicação. As análises vão bem, pelo menos à primeira vista leiga de quem não espera pela consulta para se auto-diagnosticar. Não podendo atirar as culpas para a tiróide nem para o Outono que tarda, resta-me pensar que é como as coisas dos nossos filhos: são fases, as birras não duram para sempre, os dentes um dia param de crescer, uma noite dormem sem acordar e para trás ficam as memórias de tempos menos bons. Volto-me para a alimentação, que sei que me pode dar ou tirar energia. Enquanto não chega ainda o tempo de me virar para os chakras ou o reiki, pozinhos mágicos ou velas milagrosas, vou preparando o corpo para o reboot necessário. Recorro aos meus apontamentos de macrobiótica. Revejo receitas. Acredito que pode ser este o caminho. Sem fundamentalismos, nem detox mirambolantes, é tempo de ouvir e respeitar o meu corpo. Que, se não o fizer, receio que tenha de hibernar em breve.

Um almoço típico no Aloha. Estes cogumelos estavam especialmente saborosos!
Sumos verdes durante a manhã (este tinha espinafres, pepino, maçã, lima, pimento verde, salsa, espirulina e matcha)
Alternativa ao prato em dias de muito glúten: uma salada no Aloha.
Sopa de funcho e pêra. Parece uma combinação pouco plausível, mas é inesperadamente deliciosa. Retirada do livro Honestly Healthy.

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2 comentários

  1. Aposto que “o dia não” não vai sobreviver as tuas receitas maravilhosas :)!
    Esse sumo /batido é do aloha ou teu?

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