Coisas do fígado

Há uns meses, andava com uma dor de costas e fui fazer uma massagem. A massagista, que por sinal também fazia acupuntura e me avaliou a condição física à luz da medicina chinesa, disse-me que andava a guardar muita coisa no fígado e mandou-me fazer manualidades. Parece que o fígado precisa de momentos criativos quando anda mal dos humores.

Não lhe liguei muito (nem à acupunturista nem ao fígado), mas quis o destino que os assuntos hepáticos viessem várias vezes à baila nos tempos que se seguiram.

Hoje, ao levantar-me da cama depois de uma noite muito mal dormida, pus-me zangada com o mundo e assim me deixei ficar até a tarde já ir bem entrada. Lembrando-me do que a acupunturista me tinha dito, que a raiva se acumula no fígado e que, para a contrabalançar, temos de dar asas à criatividade, fui, mais por desespero de causa do que outra coisa, buscar um projeto faça-você-mesmo por terminar e dediquei-me à sua finalização. Ouvi um podcast inteiro enquanto acabava de fazer upcycling ao candeeiro do nosso quarto e, depois de o pendurar e concluir que até ficou giro, fui para a cozinha fazer o jantar. Tinha comprado, ao preço do ouro, uns lombos de salmão e fi-los como sempre os faço, que é em papelotes, com alho francês, cebola e tomate. Enquanto coziam, fiz esparregado e improvisei uma sopa de couve-flor, mas sem ser em creme, que as miúdas não gostam de sopa passada (mas também não gostam de couve-flor, como bem me recordaram depois). Pus a mesa lá fora, fui buscar os pratos da Bordalo e até os talheres do peixe, como as pessoas chiques.

Quando nos sentámos à mesa, percebi que tinha recuperado a boa disposição. Não sei se foi das manualidades, se foi porque o jantar até nem estava mau e a sopa foi elogiada pelo outro adulto, o certo é que tanto eu como o meu fígado ficámos mais apaziguados.

Esta noite havemos de dormir bem.

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Fazer coisas novas com gangas velhas

1.Tinha um par de calças prontos para ir para o lixo, mas decidi dar-lhes uma última oportunidade: cortei as duas pernas na altura desejada (1), cortei o entrepernas pelas costuras, coloquei, por baixo, tanto à frente como atrás, o tecido novo (também ele reutilizado) em forma de trapézio (2), costurei o gancho das calças para não formar um bico (3) e cosi o resto directamente em cima da ganga (4). Se coserem direito com direito, como eu fiz em primeiro lugar, sem pensar, a saia faz um formato tipo “cauda de baleia” que não é coisa que queiram ter na parte da frente da saia…

Depois da bainha feita, fiquei com uma saia nova.

2.A Inês deixou de ter calções de ganga que lhe sirvam. Ela adora calções. Por outro lado, odeia calças de ganga, que tem mais que muitas… Peguei numas rasgadas no joelho, cortei pela altura desejada e cosi uma tira por dentro, que dobrei depois para fora e cosi, como um forro exterior. Foi, novamente, o sucesso total!

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Uma actividade tão simples

Este mês, o tema na escola da Alice são os oceanos. Num impulso, ofereci-me para ir ler a história do Peixinho Maroto e os Seus Amigos que é uma das preferidas da Alice. Como só ir ler uma história não tem graça, num serão preparei uma actividade gira e simples, sem necessidade de coser ou de possuir grandes dotes para além de saber recortar.

Inspirei-me num poster do mundo aquático que veio na National Geographic de há uns meses e decidi fazer o mesmo, mas em feltro.

A única coisa que comprei foi um rectângulo de feltro de cor azul-do-mar-das-Maldivas, o restante feltro tinha-me sobrado do Quiet Book. Descarreguei imagens gratuitas de vários peixes e outras criaturas marinhas (por exemplo, estas), imprimi e passei por cima do feltro. Depois foi só recortar e colar alguns olhos que também me tinham sobrado do Quiet Book, para dar mais autenticidade à coisa. Seguindo o pressuposto de que feltro cola com feltro (ou com flanela, mas não tinha nenhuma azul), não é preciso mais nada para pregar os peixes ao fundo azul.

Não tenho fotos do processo e durante a actividade não tive tempo para tirar fotos, mas posso garantir que os miúdos adoraram e a minha Alice saltitava de contente, como se tivesse molas nos sapatos – acho que mesmo que a mamã dela fosse lá só para falar sobre o funcionamento de uma retroescavadora, ela ia delirar à mesma!!

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