Shazams

Posso ter deixado temporariamente as redes sociais mais invasivas, mas continuo a encontrar enorme utilidade em certas aplicações, como o Shazam que me permitiu saber in loco, in situ, in carro o que é que estava a passar na Radar. Acho que temos música para o próximo mês.

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Bowie 70

A semana passada, li uma publicação do David Fonseca sobre um álbum de tributo a Bowie que teria sido lançado em colaboração com vários artistas portugueses. Pensei que seria uma homenagem ao cantor pelo quinto aniversário da sua morte. Fui, lampeira, ouvir o álbum e apaixonei-me de imediato por algumas músicas, mas achei estranho não ver o álbum publicitado em mais lado nenhum. Foi quando me apercebi de que já existe há três anos…

Atenta, como sempre.

Deixo aqui a Space Oddity pela voz de Camané, porque gosto muito de ouvir o Camané quando não canta fado (pela simples razão de odiar fado), e porque, inauditamente, acho que a sua pronúncia imperfeita dá um toque de charme à música.

Outras faixas que destaco: 
Modern Love (com Manuela Azevedo)
Let’s Dance (com Afonso Rodrigues)
This is Not America (com Márcia)
Lazarus (com David Fonseca)

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Um ano com mais música

Se tivesse feito alguma resolução para 2021, teria sido a de ouvir mais música e estar mais atenta às novidades. Já lá vai o tempo em que lia jornais de música e papava tudo o que era novidade, descobrindo bandas atrás de bandas, quer sozinha, passando horas em lojas de música a ouvir CD, quer através de amigos que me faziam playlists, algumas ainda em cassete.

Nos últimos anos, tenho estado meio desatenta e, normalmente, chego às bandas do momento quando o momento já passou. Com bandas do momento, não estou a falar de bandas pop ou demasiado mainstream, que essas chegam-me em doses aterradoramente suficientes pelos ouvidos das  minhas filhas.

Por exemplo, só no final de 2020 é que ouvi falar, pela primeira vez, da Phoebe Bridgers. Talvez tenha andado demasiado ocupada a ouvir podcasts, ao invés de descobrir música nova, o que não é mau de todo, porque sempre aprendi umas coisas, e a deixar que fosse o Spotify a dizer-me o que devia ouvir (não me lembro de ter encontrado a Phoebe Bridgers ou a Arlo Parks num desses Made for You).

Ouvi falar da Arlo Parks ao MEC, no podcast Fala com Ela, mas depois esqueci-me do nome dela e deixei passar. Mais tarde, no PBX (nota-se que gosto muito da Inês Meneses?), falou-se outra vez dela e, desde então, não tenho parado de a ouvir. Foi bastante difícil escolher uma só música para vos mostrar, entre a Caroline, a Eugene, a Green Eyes, pois gosto de todas. Deixo-vos com a Black Dog, que foi a primeira que ouvi.

A ver se começamos a animar este blog.

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Até sempre, Ornatos!

Custa-me a crer que sou repetitiva. Não falo sempre da mesma coisa, mas sou uma pessoa de paixões. Quem me conhece nas redes sociais sabe que nutro uma profunda paixão por determinadas bandas. Os Ornatos Violeta, que apareceram na minha vida há 20 anos, são uma delas e consigo ser bastante cansativa entusiasta a falar deles.

Ontem, fui vê-los a um Campo Pequeno a abarrotar de vozes em uníssono e braços no ar. Chegou a ser comovente; acho que a banda também achou isso. Uma pessoa ao meu lado chorou durante a “Deixa morrer”. Eu não cheguei a tanto; estava demasiado ocupada a ser feliz.

Há 20 anos, vi-os pela primeira vez num showcase na antiga Valentim de Carvalho no Chiado, quando ainda havia lojas de música com três pisos. Lembro-me de ficar rendida com a simplicidade e a energia do grupo. O Manel levava uma t-shirt com um buraco na manga, mas não fazia mal, porque já na altura ele tolerava mal estar de tronco vestido durante os concertos. Poucos anos depois, acabaram. Não voltei a vê-los ao vivo senão em 2012, num reencontro brutal no Coliseu. E depois no Alive, este ano, aonde foi só mesmo para os ver (nós a sairmos do recinto e malta a entrar para os The Cure). E ontem, que é capaz de ter sido o último concerto deles que vi.

Estou bem com isso. Sou daquelas pessoas – na verdade, a única que conheço – que acha que uma banda devia acabar antes de ficar aborrecida ou de editar álbuns elegíveis de passar na Comercial cinquenta vezes por dia (eu sei, sou ligeiramente pedante no que toca a música). Mas só assim o culto se mantém intacto, inocente, autêntico. E no caso dos Ornatos pode-se falar de um verdadeiro culto.

Foi muito bom. Tive momentos em que achei que a acústica não estava boa, em que parecia que eles se enganavam nos acordes, em que sentia que as vozes da multidão cantante abafavam a voz do Manel, mas acho que foi só ansiedade por medo de ser um concerto menos que perfeito (costumo ter ansiedade no início de alguns concertos muito aguardados; há mais alguém assim?). Mas a banda não falhou em nada, fosse na energia e na entrega durante o concerto, fosse no carinho e no assombro com que regressaram ao palco três vezes, a última já não ensaiada. Tocaram quase todas as músicas do Monstro, muitas do Cão e várias do Inéditos, inclusivamente a “Tempo de Nascer”, que eu nunca tinha ouvido ao vivo.

Nós, sempre tão gratos por eles existirem, cantámos até nos falhar a voz e despedimo-nos, muito a custo, mas de sorriso nos lábios, com um emocionado “Até sempre”.

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