Medir a felicidade

Resumo da primeira semana de aulas: é capaz de não ter sido mau de todo.

Apesar de todas as diferenças e restrições à liberdade de movimentos que foram impostas às nossas crianças neste ano lectivo. Apesar das máscaras, dos rectângulos demarcados no chão a que têm de se limitar nos intervalos. Apesar da não partilha de objectos pessoais.

Apesar de tudo, a Inês continua a fazer o que sempre fez na escola, a ir almoçar ao refeitório, a ir para o ATL e, se faz bom tempo, a brincar “aos sobreviventes”. Adora a professora de Português, já deu uma alcunha ao de EV e diz que aquecer em EF com cinco voltas ao campo é maior tortura que ter de usar máscara o resto do tempo.

Eu ainda ando às voltas com os acrónimos das disciplinas e não consigo perceber bem a diferença entre TIC e ET, não é tudo tecnologia? Espanta-me o número de livros que ela tem de levar para a escola todos os dias, se no meu tempo não era cá preciso livro para Educação Visual… Imagine-se um livro em Mecanotecnia, se aquilo já era chato como o diabo.

A mais nova também adora ir para a escola; já aprendeu a letra i e brinca com a prima nos intervalos. Ficou triste porque só dois amigos votaram nela para ser delegada e, por isso, agora já não é a primeira da fila, porque é a delegada que vai à frente a liderar o pelotão. A comida do refeitório é sempre boa e a sopa, a segunda melhor do mundo.

Como já não fazem fila à entrada para medir a temperatura, perguntei-lhe se ainda medem (pois, na escola da irmã deixaram de medir, terá o termómetro avariado?!) e ela respondeu com um meneio de cabeça baralhado, que me deixou na dúvida: sim ou não, medem ou não medem? Explicou-me: «Agora, as auxiliares medem a nossa felicidade».

E eu ri-me.

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