Istambul

Escrevo-vos de Istambul, uma cidade sobre a qual não tinha quaisquer ideias pré-concebidas, mas que mesmo assim me está a surpreender, o que não sei se faz sentido.

Os dias que antecederam a viagem foram confusos. Por um lado, a vontade de sair em casal, pela primeira vez desde a pandemia; por outro lado, a dificuldade de deixar as minhas filhas pela primeira vez desde a pandemia. A Alice é quem nos deixa mais apreensivos. É uma criança para quem a família é o pilar que a sustenta e que, quando um de nós está fora, todo o equilíbrio se perde, quanto mais dois. Dizem-me que esta distância lhe faz bem. Que precisa de perceber que nós voltamos e que nada mudou. Forço-me a acreditar que sim, que é mesmo isso.

Istambul talvez seja o sítio ideal para acreditar que tudo está bem. Impossível não nos sentirmos numa espécie de limbo mágico quando se está num sítio em que a Europa e a Ásia se encontram constantemente em perfeita sintonia. Estou a achar isto fabuloso.

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Mulheres audazes

A minha amiga Mónica já me tinha dito que andava a cozinhar um novo projecto. Do pouco que me adiantou, achei que teria algo a ver com mulheres modernas que se esforçam por conciliar vários papéis ao longo do dia. Pois, um projecto para supermulheres, como todas nós.

Ontem foi o dia em que fiquei a conhecer o Audaz. Gostei logo. Gostei do título, gostei das fotos, gostei do logótipo, gostei dos textos e, principalmente, gostei do conceito. Estou curiosa (expectante é mais a palavra) para ver o que é que ela tem ainda escondido na manga. Iniciativas destas fazem sempre muita falta. Iniciativas de mulheres para mulheres, que promovam o aumento da autoestima e autoconfiança femininas através do reforço das nossas capacidades emocionais e não tanto pela utilização de adereços que não servem para mais do que disfarçar e desviar a atenção do que é realmente importante. Falo, por exemplo, de um dos seus primeiros textos: Sobreviver à primeira ida à praia. Confesso que, antes de ler, tive medo. Medo que ela falasse sobre dietas, cremes anticelulíticos ou fatos de banho integrais para esconder a barriga disforme. Aquela máxima do “Como ter um corpo para ir à praia? Tem um corpo. Vai à praia.” é muito gira, mas raramente encontra espaço nas páginas físicas ou virtuais de publicações para mulheres. Mas a Mónica contraria totalmente a tendência generalizada de gritar na cara da mulher: “Tu não és boa o suficiente; és magra demais, ou gorda demais, estás demasiado branca ou as tuas cicatrizes vão chocar os outros, é melhor ficares em casa”, seguido de um rol de conselhos inúteis que acabam, invariavelmente, numa lista de artigos que devemos comprar para deixarmos de ser demasiado magras ou gordas ou brancas ou, de alguma forma, fisicamente desparametrizadas. Em vez de seguir esse caminho, a Mónica fala da necessidade que nos valorizarmos mais e nos focarmos naquilo que é realmente importante, como o fazer, tão simplesmente, aquilo que nos apetece, sem ligar aos outros.
Obrigada, amiga! As mulheres portuguesas estão a precisar de ouvir mais conselhos desses e eu prometo seguir-te com toda a atenção.

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