O lugar das crianças

Eu sei que não é um tema fácil. Muitos de vocês desejariam passar por cima de notícias destas, como eu desejo passar por cima de todas as notícias que têm a ver com os refugiados ou que simplesmente me deixam desconfortável. Mas é um tema que tem vindo a captar a minha atenção e que requer uma mudança de comportamento.

A BBC fez uma reportagem clandestina sobre as crianças refugiadas sírias que ganham menos de 1 dólar na Turquia a coser e engomar roupa para marcas conhecidas como a Zara, a Mango e a Marks&Spencer. Esta reportagem vai passar hoje na BBC One e estará depois disponível no BBC iPlayer.  Podem ler um resumo aqui.

Young boy working in factory

 

Não me digam, por favor, que ao menos estão a dar emprego a estas crianças, como já ouvi noutras situações. O lugar de uma criança de 12 anos não é, não pode ser numa fábrica de roupa. O lugar de uma criança é na escola, é na rua a brincar. Qualquer outra forma de ver o mundo está simplesmente errada.

Há uns meses, decidi dar mais atenção à roupa que compro (comprar menos e saber como foi feita). Decidi comprar apenas roupa feita em Portugal ou na Europa, de preferência à mão. Tive dois deslizes que me deixaram de consciência pesada. Mas, no geral, o meu comportamento numa loja de roupa mudou bastante. Raramente tenho vontade de entrar, mas quando entro, escrutino as etiquetas tal como fazia aos rótulos da comida quando comecei a prestar atenção à minha alimentação. E já voltei a colocar muitas peças na prateleira porque, simplesmente, deixaram de me interessar. Não foi de repente, está a ser um processo, mas quando leio artigos destes ou vejo reportagens assim, fico convencida de que não há outro caminho. Roupa é só roupa. A nossa vaidade não pode servir para constantemente fecharmos os olhos à miséria humana.

 

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