O que tenho feito para abrandar e estar mais presente

Lembram-se de um post em Janeiro em que falo sobre a necessidade de abrandar? Eu costumo deixar as coisas muito pela rama e acabo por nunca voltar a certos assuntos, mas acho que é importante regressar a este tema. Talvez para me relembrar do meu propósito para este ano ou talvez para, quem sabe, vos servir de inspiração.
Tenho posto algumas coisas em prática, outras vêm por si só; outras serão um constante work in progress. Vamos lá por pontos:

Família

Não sei se é do inverno, mas temos tido menos eventos sociais. Hmmm… Não, na verdade, não temos. Há fins-de-semana em que mal pomos um pé em casa. O fim-de-semana que se aproxima já está repleto de actividades, por exemplo, o que já me fez recusar um almoço e esforçar-me por reservar uma manhã inteira em casa, para podermos passar a manhã de pijama, tomar um pequeno-almoço prolongado e satisfazer o pedido da Alice de “fazer pinturas”, o que normalmente exige uma grande logística, como cobrir os móveis, trocar-lhe a roupa (às vezes, a mim também) e preparar-me mentalmente para a “deixar estar”. Digo-lhe que só ao fim-de-semana há tempo para isso. Ela percebe. Mas depois… tenho de cumprir!

Não sei o que nos passou pela cabeça quando, no início do ano lectivo, inscrevemos as miúdas em duas actividades… dois dias por semana cada! Feitas as contas, só lhes resta a sexta-feira e o fim-de-semana para brincar em casa. E brincar em casa também é importante. Há brinquedos do Natal que ainda estão por abrir… Curiosamente, foram elas próprias que começaram a pedir para não irem às actividades. A Alice não se deu bem com a capoeira e pediu para mudar para a ginástica. A Inês deu-se bem com a Capoeira, mas há ali qualquer coisa que a impede de desfrutar plenamente e acaba por arranjar desculpas várias para não fazer as aulas todas. Combinámos com ela que iria passar a fazer apenas uma vez por semana. O mesmo para a Alice com a ginástica. Só insistimos com a natação, porque ambos achamos que é muito importante que aprendam a nadar como deve ser. Vivemos ao pé da praia, só isso é razão que chegue.
Reduzimos, então, as actividades para apenas 3 vezes por semana. Mas, mesmo assim, há um dia que elas podem escolher para se baldar. Nesses dias, costumamos fazer qualquer coisa todos juntos ou simplesmente ficar em casa, a brincar. Sabe-lhes bem a elas e a nós, que não temos de andar de um lado para o outro. Para o próximo ano lectivo, temos de pensar melhor nisto antes de as inscrevermos.

Desporto

O desporto estava a causar-me algum stress. Praticava modalidades bastante intensas à hora de almoço e confesso que, às tantas, começou a ser demasiado “agressivo” para mim. Precisava de algo mais relaxante, que me permitisse descontrair e não andar sempre tensa, e com horários mais flexíveis. Encontrei, por fim, uma aula de yoga com a qual me identifico plenamente e que fica a 1 minuto do meu trabalho. Além disso, tenho ido nadar religiosamente todas as semanas. Escolhi um horário, mas como é natação livre, posso ir a horas diferentes. Como ando a treinar para a travessia da baía, sinto-me motivada, mas confesso de que também é um desporto que me agrada. Depois de entrar no meu ritmo, é como se conseguisse coordenar perfeitamente os movimentos do corpo com os pensamentos da mente. É claro que não sou a nadadora mais rápida do mundo. Na verdade, acho que toda a gente com duas pernas e dois braços me passa à frente…
Ainda assim, sinto-me bastante confortável com este plano de exercício. No entanto, 4 meses depois de ter deixado o ginásio, começo a sentir falta de algum reforço muscular e estou a ponderar voltar às aulas de circuito só uma vez por semana. Mas ainda não me decidi…

Trabalho

Não me sinto stressada a este nível. Há alturas de picos de trabalho, outras de menos trabalho. Vou aproveitando as pausas o melhor que posso, mas como gosto do que faço, raramente me sinto insatisfeita. So far so good (e faz um ano que aluguei o escritório!).

 

Digital

Um dia, por acaso, encontrei o blogue da Melanie Geoffrey & Grace – slow & wholehearted living.  Ela oferece um e-book gratuito sobre o movimento slow, chamado Slow Living Retreat. Eu aderi e, durante uma semana, fui recebendo e-mails com algumas dicas para uma vida mais calma: desde prioridades, ao ambiente doméstico, a técnicas de relaxamento e respiração, à nossa presença no mundo digital. Foi o dia 2 que mais me despertou a atenção. Chama-se “21st Century Slow” e dá dicas sobre como podemos passar a usar menos o telemóvel e as redes sociais. Eu sou um pouco dependente do meu smartphone, confesso. Faz tempo que tenho noção disso, mas só quando me começou a incomodar é que decidi fazer algo a esse respeito. Seguindo as dicas da Melanie, passei, assim, a deixar o telefone numa gaveta quando chego a casa. Desactivei as notificações (o som) das apps e deixei apenas o som activado para as chamadas, não vá haver alguma emergência. Tento deixar o telefone na gaveta desde que chego a casa até que as miúdas estão deitadas. Isto ainda é recente e, portanto, ainda não enraizei o hábito, o que faz com que vá espreitar de vez em quando…

Meditação e relaxamento

E, agora, a grande novidade! Inscrevi-me para um retiro de meditação num mosteiro budista! Daqui a 15 dias (já?), voarei para Bordéus onde, depois de uma longa viagem com vários transportes públicos, chegarei à Plum Village para uma semana de meditação e mindfulness. Perguntam vocês: bateste com a cabeça? Respondo eu: talvez. O que faz uma pessoa querer fazer um retiro destes? Isolar-se? Encontrar-se? Procurar respostas para a vida? Confesso que não sei bem. Só sei que preciso, é como um chamamento (…som de taças tibetanas…). Tenho uma grande vontade de embarcar sozinha numa aventura destas. Deve haver muitos retiros do género por aí, mas escolhi este depois de ver o documentário e ler alguns artigos do monge Thich Nhat Hanh (missão: aprender a pronunciar o nome dele antes de chegar ao retiro…).

A fim de me preparar para o que me espera (na verdade, não sei o que me espera, mas calculo que, tratando-se de um retiro de meditação, deve haver várias sessões de meditação ao longo do dia…), tenho andado a (tentar) meditar (quase) diariamente. Sou uma autêntica nulidade em meditação, mas acho que todos são quando começam a praticar, certo? Para garantir que não sou incomodada, tenho-me levantado 10 a 15 minutos mais cedo e aproveitado para meditar enquanto todos dormem. Nem sempre consigo. Por exemplo, ontem a Alice surpreendeu-me a descer as escadas e só com muita insistência consegui que voltasse para a cama.

Para me ajudar, uso algumas apps de meditação guiada. Comecei com a Headspace. Dizem que é a melhor, mas é paga e depois dos 10 dias gratuitos, deixei de a usar. Agora uso a Potential Project. Não a acho tão boa em termos de orientação, pois deixam-nos muito mais tempo “desamparados com a nossa mente” o que, no meu caso, é fatal… Confesso: ainda não consegui fazer mais de quatro ciclos de respiração sem que a minha mente começasse a vaguear. Dizem-me que é normal, mas eu vejo a coisa mal parada… Ainda assim, confesso que gosto deste ritual matutino: levantar-me em pezinhos de lã, fazer a minha água quente com limão, meditar, ir tomar banho… E se me custa acordar cedo? Só se tiver dormido mal. De resto, não. Acho que sou mesmo uma pessoa das manhãs.

E vocês? Como abrandam a vossa vida?

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