38

Ontem fiz 38 anos. Parece-me um número bonito, redondinho como são todas as coisas perfeitas, sem arestas ou cantos bicudos. Talvez por isso, por ser um número bonito, espero que este meu ano seja um bocadinho melhor do que o anterior. Não que o anterior tenha sido mau, mas não conheço ninguém que peça para que as coisas continuem exactamente como estão. Queremos sempre mais e melhor, quando não queremos que seja diferente. Faz parte da raça humana nunca estarmos satisfeitos com coisa alguma.

Ainda assim, numeralogias à parte, o meu 38.º dia de aniversário foi marcado por uma notícia muito triste e não há nada mais triste do que a morte. E a Morte, ou Deus, ou a Energia que Dá e Tira não olham cá a meios, muito menos estão atentos ao calendário, quando é altura de arrancar da vida as pessoas de que gostamos. Mas não dispensam a ironia: uma mãe que morre no dia da mãe. As coisas acontecem quando acontecem, é verdade, e, no final de tudo, só nos resta a certeza de que uma data é só mais um dia na nossa vida, um de tantos, com a devida importância, mas sem retirar protagonismo a todos os outros dias que se seguirão.
À última da hora, ainda decidimos reunir meia dúzia de amigos e família para comer o bolo. Um bolo tão bonito como o número que celebra, um bolo elegante, um bolo de anos que era também para ser a minha homenagem às mães da minha família.

Para o ano, o nosso dia da mãe vai ser diferente. E o meu aniversário também. Agora é tocar com a vida para a frente que tenho 364 dias de um número bonito para viver.

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