Um dia, talvez seja capaz de falar sobre isso

 

Os dias depois de uma insónia têm tudo para correr mal, mas hoje foi um dia bom, pelo menos a partir da tarde. Para tal contribuiu uma série de coisas que passo a listar por ordem cronológica: consegui grelhar uma dourada do mar sozinha, eu e o grelhador, e não ficou crua nem demasiado seca; a minha filha mais velha fez-me um truque que me fez rir alto e eu não estava à espera de me conseguir rir alto tão cedo; vieram finalmente arranjar as portadas que, de tanto baterem com o vento, deixaram de se fixar, de se fechar ou de abrir, consoante o caso; também arranjaram a maçaneta da porta da cozinha e, de repente, parece que temos uma casa nova; os meus cunhados fizeram uma limpeza aos livros que já leram e não querem manter, ou não leram e não querem ler (também tenho uns quantos desses) e deixaram-me resgatar os títulos que me interessassem, o que me deixou bastante feliz como só uma mão-cheia de livros novos consegue; mudei, pela enésima vez, de sítio os móveis do quarto da costura/das brincadeiras/de hóspedes porque mudo sempre o sítio dos móveis quando preciso de arranjar um propósito e agora ando muito necessitada de um propósito. Ainda não estou satisfeita com o resultado, mas ter a meta de destralhar e organizar a minha mesa da costura é capaz de ser aquilo de que preciso para evitar dar por mim parada a olhar para o infinito, a sentir o vazio que ficou na minha barriga. Um dia, talvez seja capaz de falar sobre isso.

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