Dia de Ano Novo

Em miúda, o dia de Ano Novo era vivido com pompa e circunstância. A minha mãe comprava-me sempre dois conjuntos de roupa nova, um para usar no dia de Natal, o outro, no primeiro dia do ano. Vestidos a preceito, íamos almoçar fora. O restaurante era sempre diferente. Lembro-me de irmos à sopa da pedra a Almeirim e, noutro ano, a Peniche. Chegávamos à uma da tarde, que é a hora a que se almoça. Nós e mais 300 pessoas. Quanto maior a fila, melhor, porque era sinal de que o restaurante era dos bons. É claro que nunca fazíamos reserva. Não sei se não havia ainda esse conceito, se eram os meus pais que, de ano para ano, não aprendiam. Por isso, esperávamos sempre entre uma a duas horas, em pé, no passeio, chovesse ou fizesse sol. (Curiosamente, não me lembro de nenhum 1 de janeiro em que tivéssemos estado à espera à chuva; talvez nos dias chuvosos, os meus pais decidissem almoçar em casa.) Por volta das três da tarde, lá nos sentavam, e atacávamos com sofreguidão o pão com manteiga e as azeitonas. Tirando a sopa da pedra, não me lembro das refeições propriamente ditas. Só me lembro de que, quando saíamos do restaurante, mal tínhamos tempo para dar a voltinha dos tristes antes de começar a escurecer e serem horas de voltar para casa.

Hoje em dia, ano novo sim, ano novo não, passo-o entre o sofá e a sanita, vergada pela ressaca. É triste chegar a esta idade e ainda ser apanhada em falso. Confio sempre na sorte, mesmo já sabendo o que a casa gasta (que não conheço mais ninguém com ressacas como as minhas). Como os meus pais que nunca aprenderam a reservar mesa, também eu ainda não aprendi a beber, se é que posso comparar. Ao menos, eles aproveitavam o dia. Já eu… bom, digamos que o meu ano começou no dia 2. E  pronto, se dúvidas houvesse, agora estou mais do que convencida de está na altura de fazer o Dry January.

Bom ano!

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