O reverso da medalha

Desde que Putin invadiu a Ucrânia, comecei a usar o Twitter com mais regularidade. Metade do meu feed são políticos, a outra metade, a força do povo. Os Anonymous são os meus hackers preferidos. Vejo o noticiário infantil alemão para conseguir explicar às minhas filhas aquilo para que me faltam palavras. Há oito dias que tenho muito medo por todos nós, já chorei muito, não largo as notícias, mas esta guerra não é minha. Não fui eu que tive de deixar tudo para trás. Não fui eu que tive de decidir entre ficar e lutar pelo meu país e, provavelmente morrer, ou salvar as minhas filhas, mas deixar o meu marido para talvez nunca mais o ver. Hoje, no restaurante, olhava para elas, alheadas no seu mundo, e pensava que, um dia, se não em breve, esta pode deixar de ser a nossa realidade.

Por outro lado, na minha esfera pessoal, estou a viver coisas incríveis. Há sempre o reverso da medalha, seja bom ou mau, mas não deixo de pensar se terei direito a sentir que talvez agora, aos 41 anos, neste terrível ano bastardo da nova década de 20, a vida esteja finalmente a revelar o que tinha guardado para mim. É capaz de ser melhor desfrutar do momento enquanto posso.

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