Ted Lasso

Feriado e vamos receber amigos para almoçar. Conhecendo esta malta como conheço, a coisa vai ser feia. Começa sempre com um gin antes de almoço e nunca se sabe como acaba. Por isso, deixo registada já agora, que ainda acerto nas teclas, a nota de hoje:

Trago-vos uma sugestão da comédia mais engraçada, pura e ingénua que vi nos últimos tempos. Não é nonsense, não gosto de nonsense. É mesmo aquela comédia simples, do mais básico que há, que arranca risos fáceis e põe bem disposto o mais casmurro dos casmurros. Falo de Ted Lasso, sobre um treinador de futebol americano que foi para Londres treinar uma equipa de soccer. Mas desenganem-se se pensam que vão ver uma série sobre futebol. É muito mais do que isso.

Se ainda não viram, sugiro que tratem do assunto e se deleitem com os jogos de palavras e trocadilhos entre o inglês britânico e o inglês americano. Depois a partir da segunda temporada, começava a ficar mais meloso, mas eu continuo a rir-me à mesma. Se ainda não vos convenci, fiquem a saber que ganhou uma série de prémios Emmy. Vale o que vale, mas não deixa de ser indicador de alguma coisa.

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Diário do Sono (2) – Piolhos, livros e séries

Tenho dormido bem na última semana, o que me deixa sempre uma acutilante sensação de desconfiança enquanto, a medo, aguardo a próxima insónia não anunciada. Mas desfruto das minhas noites bem dormidas, não pensem que não, se é que se pode dizer que uma noite interrompida para aliviar o corpo dos líquidos produzidos é bem dormida, mas não me quero queixar de barriga cheia.
(Será do Melamil?)

Regressamos lentamente às rotinas. Que digo? Regressámos subitamente às rotinas. Depois de praticamente quatro semanas de férias, divididas por dois meses, o trabalho clamava por atenção, como um bebé impaciente à espera da papa. As miúdas chegaram das férias com piolhos e devia ter dado graças por, no dia em que cheguei a casa, ter tido de adiar o banho demorado e quente por que ansiava pelo tratamento de piolhos e não devido a outro problema qualquer, como nos terem assaltado a casa ou ter recebido uma fatura astronómica para pagar, por exemplo. Mas não, fiquei bastante aborrecida e passei a semana num estado de aflição constante perante nova praga que ameaçava, como sempre, ser interminável.

Tratados os piolhos, fomos à Feira do Livro, que me deixou um amargo de boca. A Hora H é como uma espécie de corrida aos supermercados antes do caos mundial provocado por uma pandemia (parece que foi ontem), um açambarcamento de papel para a higiene mental. Não gostei e não repito. Fiquei cansada, fartei-me de correr e fazer contas, separar da lista os livros mais recentes dos com mais de 18 meses. A Feira do Livro é para passear com calma, para parar nas bancas e folhear os livros. Por isso, evito os fins de semana e dispenso os tróleis de viagem cheios de pechinchas a 50%. Ainda assim, trouxe 11 livros, mesmo sem ser na hora dos abutres, vale sempre a pena.

Em casa, vimos a série White Lotus, da HBO, que recomendo vivamente. Há algum tempo que não via algo tão bom, hilariante, mas mordaz, com aquela sátira social que deixa um desconforto no ar extinguida a gargalhada. Com personagens muito bem construídas e um final surpreendente no seu género (porque a vida é um bocado assim, quem tiver visto percebe), o único desgosto foi já não ter mais episódios para ver.

 

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Dos nómadas e outras histórias

Deixo aqui um pequeno registo das coisas interessantes que vi, li ou ouvi nos últimos dias, desde A Febre Ferrante, documentário sobre o sucesso da misteriosa Elena Ferrante no mundo que passou na RTP, à série japonesa/britânica Giri/Haji que tem o recap mais original que já vi, passando pelo filme Nomadland, que vimos só por causa da Frances McDormand, mas de que acabámos por gostar e nos deu a conhecer um mundo que desconhecíamos (a história baseia-se no livro da jornalista americana Jessica Bruder sobre os americanos mais velhos que trocaram as suas casas por autocaravanas ou, em alguns casos, carrinhas adaptadas, e abraçaram um estilo de vida nómada, em viagem pelos Estados Unidos, ao sabor das ofertas de trabalho temporário).

Também vimos o documentário Fat Fiction, que deita por terra o mito, há muito enraizado na nossa sociedade, de que é a gordura a responsável por nos aumentar o colesterol e nos fazer engordar (já a minha endocrinologista me diz há anos que os ovos não fazem mal nenhum), e Made You Look, sobre uma fraude épica no mundo da arte.

Ouvi vários podcasts, uns em alemão,  outros em português, dos quais destaco a entrevista da Inês Meneses ao Fernando Ribeiro, dos Moonspell (dos quais fui incrivelmente fã entre os 16 e os 18 anos…), no Fala com Ela.

E gostei muito, suspeita que sou, do elogio do Vítor Belanciano ao novo álbum de Nick cave e Warren Ellis, que saiu, de surpresa, esta semana, em jeito de prenda de Natal atrasada (e porque ainda me sinto a pairar com o 20 000 Days on Earth).

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