Resposta

À pergunta anterior encontrei a resposta. O período de agendamento para vacinar a mais velha passou e nós não a inscrevemos. Não pensamos vaciná-las até termos respostas que nos satisfaçam, ou até a isso sermos mesmo obrigados, porque queremos muito viajar ou porque a discriminação – não podes entrar no restaurante, não podes comprar nesta loja, não podes ir à escola (ou pensam que não vai chegar aí?) – vai tornar-nos a vida insuportável. Também não penso tomar a dose de reforço, se chegar à minha faixa etária, porque tive uma forte reação à segunda dose que me levou ao hospital dentro de uma ambulância. Achei que morria, com o inchaço a formar-se-me na garganta, ali naquele descampado da Moagem, ele a agarrar-me a mão e a dizer-me que a ambulância estava quase a chegar e eu sem conseguir parar de tremer, a sentir os maxilares ficarem cada vez mas rígidos, com o pânico a instalar-se, como é que eu agora respiro.

Não.

Tenho-me sentido ali à beira do antivacinismo, a ver de rajada entrevistas a pediatras que aconselham esperar, a abanar a cabeça durante o noticiário da noite. Mas não sou antivacinas nem negacionista e ai de quem me compare à malta que não vacina os filhos com nenhuma vacina, não me comparem, que me salta a tampa!

Talvez arranjem um neologismo para designar todos os que, como eu – que deve haver – acreditaram nisto desde o início, acataram todas as ordens, vacinaram-se, protegeram-se, tiveram cuidados com os seus, passaram meses sem ver os mais velhos, para os proteger, deixaram de dar beijos e abraços, cancelaram festas, ficaram fechados em casa e depois, um dia, acordam e percebem que, valendo de alguma coisa, não vale de muito.

Eu chamo-lhe Os Fartos Desta Merda. Pelo menos, é como me sinto.

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